quinta-feira, 28 de abril de 2011

ROTA DOS PASTORES, Chãos, Rio Maior


































A “Rota dos Pastores” pretende valorizar o ofício de pastor como contributo para a manutenção dos habitats e em especial da gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), ave esta que se encontra em perigo.

Acompanhados pelo pastor e pelo nosso rebanho, os participantes terão a oportunidade de vivenciar “in loco” o dia a dia do pastor. Ao longo do percurso, os participantes poderão compreender melhor acerca do pastoreio nas Serra dos Candeeiros, compreendendo a sua importância na manutenção dos habitats e na preservação de elementos agro-pastoris serranos.

Cada participante terá a sua “sacola” de pastor (do nosso centro de tecelagem) com a sua merenda típica (broa de milho, pão alvo, chouriço, queijo e azeitonas). Como acessório, a navalha e o pífaro de cana (feito pelo tocador de pífaro Manuel Azenha).

PASTORES DA SERRA DOS CANDEEIROS

O que será que nos traz ao Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros para caminhar com os pastores?

O Romantismo hoje associado a esta tarefa, não tem paralelo com a vida de um pastor nos anos 40 ou 50. Houvesse chuva, vento ou um sincelo de arrepiar, o pastor tinha de ir para a serra.

Como companhia tinha as cabras, suas fiéis companheiras do dia-a-dia. Para entreter, o pífaro e os jogos tradicionais, como a chisca ou a malha. Na sacola, levava pão, azeitonas, chouriço ou queijo. Água, havia de a encontrar pela serra, na cova de uma pedra ou à beira da lagoa. O frio ou a chuva, esses eram empurrados pela manta de lã.

Pela possibilidade de contemplar e sentir a natureza, pela liberdade que a sua profissão lhe conferia, os pastores eram senhores de uma sabedoria respeitada. Compreendiam a natureza, gostavam dela, mesmo quando parecia estar zangada com eles. Como eles, só os moleiros... pois, ambos viviam ao vento, no cimo de montes limpos de gente.

Talvez por isto, estejam nas páginas de Aquilino e de Miguel Torga!!!

Talvez por isto tenhamos de compreender as pontes que podem ligar a vida do pastor da Serra dos Candeeiros com a conservação da natureza e da biodiversidade, questionar o abandono de determinadas actividades tradicionais e as consequentes repercussões na fauna e na flora.

É pertinente a preservação da biodiversidade e a valorização do pastor, inovando a tradição e conjugando-a com novas actividades económicas no espaço rural, como contributo significativo para o desenvolvimento local, cruzando ambiente, economia (numa visão social e solidária) e cultura.

Talvez todos devêssemos ter um pouco mais de pastores em nós!…

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